Em 2014, a Unesco acolheu o cante alentejano na sua rigorosa e preciosa listagem de expressões locais elevadas a Património Imaterial da Humanidade. Ao fazê-lo, colocava a música mais profundamente enraizada no Alentejo na companhia do fado, do flamenco e de vários outros géneros musicais planetários que devem ser protegidos e valorizados. Músicas, afinal, que fazem parte da História dos povos, que os definem e identificam, que ajudam a contar as suas vidas e a fixá-las naquilo que têm de único. Músicas que sobrevivem através da transmissão directa entre gerações e fornecem a novas gerações uma cartografia que sinaliza de onde vêm e a herança identitária que lhes é passada.
No caso do cante alentejano encontramos, com facilidade, a representação da vida comunitária e social da região, a relação com o trabalho, o imenso respeito pela terra e pela Natureza, a partilha dos afectos, a celebração dos costumes ou o temor à morte. E este é um exemplo flagrante de como a música acontece, na sua expressão popular, em directa relação com o espaço. Espelha-o, imita-o, prolonga-o.
O Imaterial parte dessa noção aguda de que a música existe no espaço e dialoga com ele. De que as culturas se relacionam mesmo quando podem ignorá-lo. A pretexto deste lugar, que é Évora, em que o Património Imaterial se encontra de forma tão clara com o Património Material que a UNESCO também reconheceu em 1986, a cidade, a sua envolvência e toda a região do Alentejo Central tornam-se o palco perfeito para que as músicas que são património da humanidade se apresentem em lugares carregados de História e possam com cada um deles encetar um diálogo único que nos será dado a escutar. Um diálogo entre culturas distintas, entre passado e presente, entre património edificado e património que só existe dentro dos seus intérpretes, em busca de um reconhecimento do outro e de valorização das diferenças.
Como se com o Imaterial fôssemos recordados de que a paisagem é o lugar que temos diante de nós, mas também o som que o acompanha a cada instante.
Imagem: ©Cabrita Nascimento
FICHA TÉCNICA
IDEIA E CONCEPÇÃO
Carlos Seixas e Luís Garcia
ORGANIZAÇÃO
Câmara Municipal de Évora/DCP
em parceria com a Fundação Inatel
DIREÇÃO GERAL
Luís Garcia
DIREÇÃO ARTÍSTICA
Carlos Seixas
PRODUÇÃO
Câmara Municipal de Évora
PRODUÇÃO EXECUTIVA
GINDUNGO
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO
Carla Dias
Francisca Lima
Marta Dobosz
Nuno Figueiredo
DIREÇÃO TÉCNICA
António Rebocho
João Paulo Nogueira
Manuel Chambel
Pedro Bilou
Pedro Leston
ASSISTÊNCIA DE PRODUÇÃO
Adelino Rodrigues
Ana Duarte
José Bugalho
Margarida Mouro
Margarida Rita Conceição
Maria de Jesus Tenda
Sónia Melro
ASSISTÊNCIA TÉCNICA
Miguel Madeira
Paulo Carocho
Tomé Baixinho
COMUNICAÇÃO
Divisão de Comunicação CME
Joana Dias
João Pinho
Paula Santos
Raquel Bulha
Vivóeusébio
TEXTOS
Gonçalo Frota
CONCEPÇÃO GRÁFICA
Vivóeusébio
EQUIPAMENTOS E ESTRUTURAS
Nuno Urbano
Nelson Ribeiro
José Macau
VÍDEO E STREAMING
Eduarda Lima
Infimo Frame
GMT Produções