Quando são frutuosas, as residências artísticas criam novos caminhos. Não se limitam a oferecer meios para que os seus protagonistas continuem a fazer aquilo que já antes faziam. Não se limitam a ser uma mera mudança de cenário. No Imaterial, a ideia de base foi simples: a de criar encontros entre tradições de canto polifónico, partindo, como é evidente, do cante alentejano. Olhar a cultura local e partir em busca de expressões semelhantes e com as quais a proximidade de linguagens possa promover esta ideia de que, por mais quilómetros que se intrometam entre os povos, haverá sempre mais a unir-nos do que a separar-nos.

Ao longo de alguns dias, a residência proporcionará um encontro e um diálogo que ultrapassa quaisquer dificuldades de comunicação através da linguagem falada. A música, bem o sabemos, atalha entendimentos e proporciona uma profundidade de trocas e de conversas quando, por vezes, as palavras só atrapalham e pouco dizem de cada um. Através da música, o vocabulário torna-se rapidamente comum e as pontes estabelecem-se de forma intuitiva e emocional, destapando lugares novos e antigos em simultâneo – a partir de tradições seculares, há uma viagem empreendida por todos, até um lugar de compromisso e de construção de uma nova geografia sonora.

Após a realização da residência, os trabalhos conjuntos darão frutos públicos através de um concerto ao ar livre, aberto a todo o público que se quiser tornar testemunha da música resultante desta escuta mútua. Porque é sempre a ouvirmos os outros que conhecemos mais sobre nós.


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